Pesquisar este blog

sexta-feira, 20 de maio de 2011

DURO DE MATAR

A analogia com a saga cinematográfica, estrelada por Bruce Willis, é bem válida para o Chevette brasileiro pelo simples motivo de que tentaram matar o Chevette por diversas vezes, sendo que as três, sobre as quais falaremos, foram as mais célebres, já que a imprensa especializada já o dava como praticamente morto. Vamos a elas:



1984

A primeira tentativa foi em 1984, um ano após a reestilização do carro: especulava-se que a GM traria para terras brasileiras a primeira geração do Corsa europeu. A imprensa falava que o Chevette já se mostrava um carro defasado tecnologicamente, que ainda contava com tração traseira enquanto os novos concorrentes (Fiat Uno e Ford Escort) já tinham tração dianteira (argumento sem lógica, pois os carros “top de linha” contavam, e ainda contam, com tal sistema de transmissão). Não havia razão para a General Motors fazer um novo investimento para trazer o pequeno carro europeu, pois, dois dos concorrentes, Fusca e Fiat 147 já davam sinais de cansaço. Os dois saíram de linha em 1986, e o Chevette passou a ser o carro mais barato do mercado, e então o Chevette continuou.

Opel Corsa 1983 - cotado para substituir o Chevette em 1984.
1987

A segunda tentativa de assassinato foi no ano de 1987, quando já era certo o lançamento do Kadett. Acreditava-se que o novo carro viria, como na Europa, com motorização partindo do 1.2 litro e, portanto, seria um ótimo substituto para o Chevette. Só que o Kadett veio para o Brasil, em 1989, com motorização a partir de 1.8 litro e com o status de carro médio e não médio-pequeno. Mais uma vez o Chevette sobreviveu.

Kadett E - segundo cogitado para substituir o Chevette... Ele veio, mas o Chevette ficou.

1990

A terceira e última tentativa foi em 1990, com a abertura do mercado para os importados. Novamente batendo na tecla de que o Chevette era um carro defasado (ou uma “carroça” , como dizia o presidente da república daquela época), cogitou-se novamente que o Corsa iria substituí-lo. Outros, mais ávidos por novidades, declararam o Suzuki Swift como substituto do valente carrinho, mas com logotipo e chancela da Chevrolet (houve até quem afirmasse que o nome Chevette seria mantido). Novamente o bom e velho Chevette resistiu a mais um atentado.


novamente o Corsa é cogitado com substituto do Chevette.









Suzuki Swift - um dos cogitados para substituir o Chevette brasileiro...
acabou por substituí-lo em muitos países sul-americanos

























1993

Em 1993, finalmente foi-lhe decretado o decesso. A culpa? Em parte do governo e a outra parcela, muito maior, do próprio mercado consumidor: os carros de até 1.000cm³ tinham seus preços reduzidos, devido aos incentivos fiscais, e o Chevette era um carro muito pesado para esse tipo de motor. Como o mercado dos 1.0 já respondia por mais de 50% das vendas de carros zero quilômetro, a saída foi substituir o Chevette por um carro mais adequado a esse tipo de motorização. E assim surgiu o novo Corsa, um lançamento praticamente simultâneo com a Europa, que, assim como o seu predecessor, já chegou inovando: foi o primeiro carro pequeno dotado de injeção eletrônica a ser produzido no Brasil.

Chevrolet Corsa - lançamento simultâneo com a nova geração do carro na Europa para substituir o valente Chevette






quinta-feira, 19 de maio de 2011

CHEVETTE "MIT SAUERKRAUT"


Já é fato sabido entre aqueles que gostam do assunto automóvel (ou para aqueles que viveram a época) o chamado "downsizing" (diminuição de tamanho), ocorrido nos automóveis do mundo todo no início da década de 1970, devido ao boicote dos países árabes produtores de petróleo que elevou o preço da gasolina para níveis estratosféricos.
Pois bem, através deste fato e da simpatia da General Motors com a idéia de fabricar um carro mundial (coisa que começou a ser discutida em fins da década de 1950, mas totalmente impraticável até então devido ao gosto do norte-americano, por automóveis grandes e opulentos, discrepante com o gosto europeu, de automóveis compactos... mais por falta de espaço nas ruas e vielas medievais do continente do que por economia de combustível), iniciou-se uma corrida  por modelos de automóveis menores, que poupavam o "ouro negro" de amanhã.
Sendo a Opel, da Alemanha, que iniciou em 1899 como fabricante de bicicletas e máquinas de costura, o "braço" europeu da GM, resolveu tomar-se seus modelos como referência do que seria o automóvel ideal para aqueles dias de combustível escasso.
O pequeno modelo já vinha sendo preparado desde o ano de 1970 pela fábrica alemã, a priori como um modelo experimental de veículo referência em segurança: o Opel OSV 40.

Opel OSV 40: o carro que deu origem ao Chevette


Com a idéia de se fabricar um modelo de automóvel que atendesse as necessidades do mundo inteiro à época, o modelo em questão foi eleito para cumprir essa missão. Foi então que surgiu o primeiro modelo oriundo do OSV 40, em escala industrial, para venda ao público: o brasileiro Chevrolet Chevette, em 24 de abril de 1973.
Seis meses depois, em outubro do mesmo ano, durante o Salão do Automóvel de Frankfurt, surge o mesmo modelo fabricado na Alemanha: "Der Neue Kadett", ou  O Novo Kadett... Sim, novo poruqe Kadett já era um nome utilizado pela Opel alemã desde a década de 1930.

Opel Kadett de 1938














Opel Kadett A, fabricado entre 1962 e 1965
Opel Kadett B, fabricado entre 1966 e 1973





















Quando surgiu, em fins de 1973, já como modelo 1974, o Kadett C, semelhante ao nosso Chevette, veio com um motor muito semelhante ao do nosso Monza (inclusive com muitas unidades fabricadas aqui, no Brasil, na cidade de São José dos Campos), porém com cilindrada de 1,2 litros e potência de 60 CV (motor este, chamado "Família II", utilizado no Brasil até hoje: VHC, utilizado nos Classic, Celta e Prisma de motor 1 litro, e nos Vectra e Astra, com o dobro da cilindrada).
A gama de carrocerias permanecia a mesma do Kadett anterior: sedan de duas ou quatro portas, caravan (perua) e coupé de duas portas.













































Em 1975 mais duas carrocerias foram oferecidas ao público, junto com uma re-estilização nos faróis e uma nova motorização, que na verdade era a mesma, só que com  1,3 litro e 65 CV de potência. As novas carroceiras eram a Aero e a Hatchback, batizada de City: a primeira era um semi-conversível com teto removível estilo Porsche Targa e a segunda veio para encarar a briga com os substitutos do Volkswagen Käfer (o nosso Fusca), Volkswagen Golf e Volkswagen Polo da época.
Opel Kadett Aero

















Opel Kadett City





















Ainda em 1975 a carroceria coupé ganha uma versão "nervosa": o Kadett GT/E: equipado com um motor de 1,9 litro e 105 CV, o GT/E era capaz de chegar aos 200 km/h. Foi sucesso imediato nos campeonatos europeus de rallye.
Opel Kadett GT/E

Em 1977 o Kadett recebe mais uma modificação em sua dianteira: novos conjuntos ópticos com os piscas ladeando os faróis principais, e não mais abaixo do pára choques, e uma nova grade dianteira dão um aspecto de modernidade ao conjunto.

Opel Kadet 1977
O esportivo GT/E ganha mais fôlego, agora com um motor de 2 litros de cilindrada e 120 CV de potência, o modelo agora ultrapassa os 205 km/h de velocidade final.



Em 1979 é findada a produção do Kadett C, em prol do Kadett D, disponível agora apenas com carrocerias hatchback de três e cinco portas e a perua caravan. Era, agora um outro carro, com traçaõ dianteira e motor transversal, muito diferente do Chevette que conhecemos, de motor longitudinal e tração traseira, mas muito parecido com o que veríamos mais tarde: o Chevrolet Monza (chamado de Opel Ascona, na Alemanha).

































Somente em 1984 é que surge o Kadett E, que é o automóvel que nós, brasileiros, conhecemos por este nome (Kadett), no entanto haviam certas diferenças entre o Opel Kadett alemão e o Chevrolet Kadett brasileiro. A começar pela motorização que, na Alemanha começava com um 1,3 litro e 65 CV, passando por um 1,6 litro de 75 CV, passando por um motor de 2 litros e 110 CV (idêntico ao do nosso Monza) e culminando num 2 litros, multiválvulas, de mais de 150 CV (Kadett GSi).. isso sem contar as motorizações à diesel, enquanto o nosso já começava com um de 1,8 litro e 90 CV... Por isso Chevette e Kadett (duas gerações distintas do mesmo carro) conviveram pacificamente aqui no Brasil de 1989 a 1993, quando o Chevette foi substituído pelo Corsa.
Outra diferença diz respeito a carrocerías que não vimos aqui no Brasil: o Kadettt sedan (talvez para não haver concorrência interna com o Monza) e o Kadett cinco portas (numa época em que o Brasil ainda execrava carros pequenos e médio pequenos com mais número de portas).



































Em 1991 o Kadett é aposentado de vez, passando o bastão para o Opel Astra.



Opel Astra 1991 - substituto do Kadett


O Opel Kadett C, equivalente ao nosso brasileiríssimo Chevette, foi, sem dúvidas, o Opel mais popular da europa, chegando a ser vendido em bom número em países onde a marca, geralmente, não tinha números tão significativos como França e Itália, sem contar os Kadett C vendidos em Portugal, Espanha, Holanda, Áustria e outros mais.

Para terminar o post, alguns prospectos e vídeos de propaganda do "Chevette alemão".
































Alguns vídeos