Pesquisar este blog

domingo, 18 de setembro de 2011

CHEVETTE V6 DE FÁBRICA

Algum tempo atrás postei uma receita de como transformar o Chevette num verdadeiro bólido, colocando-lhe um motor V6, de 4,3 litros e 182 CV de potência, oriundo dos utilitários Chevrolet S-10 e Chevrolet Blazer (CHEVETTE 4.3 V6).
Sim, é fato que com esse motor o Chevette torna-se um automóvel absurdamente ágil e veloz; mas o mais curioso foi saber que essa adaptação não é coisa nova. Muito pelo contrário: remonta os tempos em que aqui, no Brasil, o máximo que fazíamos era adaptar o motor 151-S do Opala quatro cilindros em nossos Chevette. 
Mais curioso ainda foi descobrir que a própria GM chegou a cogitar a hipótese de fabricar um Chevette V6... Claro que isso não aconteceu aqui nas Terras de Cabral, e sim nas Terras do Tio Sam.
Comecemos com um pouco de história, mais exatamente no ano de 1973, quando o mundo sentiu a "bomba" da crise do petróleo (devido ao boicote dos países árabes produtores deste "ouro negro")... Nos Estados Unidos, a maioria dos automóveis eram equipados com motores enormes, em sua maioria V8, com altas cilindradas como 318 pol³ (5,2 litros); 350 pol³ (5,7 litros); 442 pol³ (7,2 litros) e daí por diante. Para se ter uma noção, um carro considerado compacto era o Ford Pinto (uma espécie de Ford Maverick hatchback), que utilizava praticamente o mesmo motor do nosso esportivo Maverick GT: um V8 de 302 pol³ (5 litros); outro era o AMC Pacer, que também utilizava um V8 de 5 litros... isso, para o norte-americano, era um carro pequeno.
Quando o Chevette foi lançado nas Terras do Tio Sam, em 1976, era um subcompacto, comparável aos  "minúsculos" (para os norte-americanos) carros japoneses... Os americanos não o compravam porque gostavam deles, mas sim porque, devido a falta de gasolina nas bombas, tinham que garantir o combustível de amanhã. E, quer queira, quer não, O Chevrolet Chevette foi um best-seller da GM norte-americana nos anos de 1979 e 1980, e foi um dos poucos carros considerados sub-compactos que resistiu por mais de dez anos no mercado (11 anos, para ser mais exato).
Acontece que em 1979 a crise do petróleo se agravou, e em 1982, já durante a era Reagan, o governo ianque introduziu duras regras aos fabricantes de automóveis no que dizia respeito a eficiência de consumo de combustível; segurança e normas anti-poluentes... isso fez com que a GM fosse obrigada a substituir seus longevos e confiáveis carros por automóveis mais baratos, ou então tornando os modelos mais simples e inferiores. Um clássico exemplo foi o Chevrolet Camaro, que então passou a ser equipado com um motor de 4 cilindros (dá para imaginar isso?): quem quisesse um motor mais potente teria que desembolsar (muito!) mais.  Até mesmo a Cadillac, que fabricava os maiores automóveis da América do Norte, teve que rever seus conceitos e "soltou" no mercado o Cadillac Cimarron (este era, na verdade, o nosso Monza, ou Opel Ascona, que ganhava o luxo e o logo Cadillac).
Um belo dia, neste mesmo ano, os engenheiros da GM pensaram consigo: "se o negócio e eficiência de combustível, porque não um motor maior num carro pequeno?"... Sim, tem lógica, pois um motor potente carregando o peso de um carro pequeno, faz muito menos esforço do que um motor pequeno no mesmo carro. Aqui no Brasil somos prova disso, já que sabemos que os carros com motor de 1,4 e 1,6 litro consomem menos do que os ditos "econômicos" de 1 litro.
Então a GM norte-americana preparou um protótipo do Chevette, só que com motor V6 da Blazer da época (que rendia cerca de 150 CV, com carburador). Um conjunto de rodas de liga-leve de 14 polegadas e um capô com ressalto central eram os únicos indícios de que este não era um Chevette comum.



























Existiram, na verdade, duas versões para o Chevette V6, uma com câmbio manual (que era o mesmo do Corvette) de quatro marchas e outra com câmbio automático... O curioso é que, em ambas as versões, a caixa de câmbio ia presa ao eixo traseiro (de tração), como em muitos automóveis de competição.
Em relação ao Chevette original, o Chevette V-6 ganhou somente 63,5 quilos (o que, convenhamos, não é nada em termos de peso de automóveis).















E por quê raios a GM não produziu este Chevette? Segundo a GM era porque o Chevette já estava em seu sétimo ano de produção (nos Estados Unidos isso já é um Matusalém automotivo) e, além de tudo,  o Mandato de Média de Consumo de Combustível do governo era baseado apenas em motores de quatro cilindros e de ciclo diesel.
Quem testou o protótipo diz que a verdade é que o Chevette V6 ofereceu mais desempenho que o Camaro Z/28 e chegou bem perto do Corvette da época, oferecendo espaço para quatro pessoas (o Corvette só tinha dois lugares na época) e espaço para carga... Isso fez com que a própria GM enxergasse no seu filho caçula (o Chevette) uma real ameaça aos seus dois filhos queridos, Camaro e Corvette (duas verdadeiras lendas).

2 comentários:

  1. Não sabia deste protótipo V6... bem legal!

    Tenho algumas correções:
    O Ford Pinto tem porte menor que o Maverick e nunca saiu de fábrica com motor V8... Os primeiros Pinto eram 2.0 e a partir de 1974, saíam com o motor 2.3 OHC fabricado aqui no Brasil e que equipou o Maverick brasileiro. Também existiu Pinto V6 2.8.

    O Camaro nunca saiu de fábrica com motor 4cil, porém, o Mustang saiu com o 2.3 OHC de 1974 a 1993, inclusive houve versões 4cil turbo intercooler de até 210hp líquidos nos Mustang SVO da década de 1980.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quanto ao Ford Pinto, você tem toda razão, inclusive no motor brasileiro. Não houve uma versão V8 (mas que ele não deixava de ser um Maverick hatchback, isso não deixava)... quem parecia de menor porte que o Maverick e oferecia o motor V8 302 era a perua Maverick de três portas.
      Quanto ao Camaro, houve sim uma versão de quatro cilindros a venda no mercado norte-americano no ano de 1982, e muito pouco conhecida , e o motor era similar ao do nosso Opala quatro cilindros: 2.500 cm³ e 90 HP, chamado de "Iron Duke". Esse "sacrilégio existiu devido ao Programa de Eficiência de Consumo de Combustível, implantado durante o governo de Ronald Reagan no país ianque... Não se tem muita notícia sobre o Camaro de quatro cilindros porque teve um número inexpressivo de vendas, assim como o novo Chevrolet para aquele ano: o Chevrolet Citation, que era um pouco maior que o Chevette norte-americano.

      Abaixo o link da revista Time, falando sobre o Camaro quatro cilindros.

      http://www.time.com/time/specials/2007/article/0,28804,1658545_1658533_1658527,00.html

      Excluir